segunda-feira, 31 de março de 2008

marketing ou "estes americanos devem estar loucos"

do lado de lá do oceano alguém se lembrou de vender poemas em barracas, vá, stands, por encomenda.
à dúzia será + barato?
e que tal uma experimentação no lado de cá?
saibam tudo aqui
(já estou a ver as patas das aranhiças a calcarem o país, de versos e teias às costas)

Demogorgon

a despropósito desses postes de alta tensão também conhecidos por poetas clássicos
: pessoa


na rua cheia de pavões tristes há casas que andam e gente parada
na rua de casas tristes há gente cheia e pavões parados
um prenúncio de áleas descidas sobre as pálpebras dos pavores
um bafo aberto no frio das grinaldas que dão para o sono das selvas desassossegadas
assim mesmo
o rebanho guarda nos pastores o ponto exacto onde a trovoada
amadurece
chuva oblíqua
máquina de fazer rios

quarta-feira, 26 de março de 2008

A pátria escancarada - de barriga para baixo!

(por preencher estava um poema de Sophia)
Por um minúsculo país de pedra e vento duro na cervical
Por um país charcos de meia luz expira perfeita e clara
Pelo aberto negro da terra prometida e pelo branco lábio do muro
Pelos raiados rostos válvulas de silêncio e de nativa paciência
Que o palácio que a miséria longamente tanto desenhou
encharca Rente aos sumarentos ossos a voz com toda a exactidão
Dum castiçal longo um sucessivo relatório florido e irrecusável
E pelos rostos iguais um fantasma ao sol e ao vento
E se pela fina limpidez vagarosa das sedas tão amadas
Palavras vitrais sempre alimentassem ditas com viscosa paixão
Pela cor mineral dos peixes e pelo lume peso latejar das outras palavras
Pelo concreto recto silêncio oco limpo vegetais das outras palavras
Donde veias se erguem nas coisas nomeadas
Pela estilística nudez a hortelã das palavras muito deslumbradas
A Pedra púrpura deste rio enquanto o vento necessário cobre a casa como
Pranto demorado do dia agulha ao canto coagulada em alento
De Espaço na sepultura a raiz e a azul a água.
Ó minha barriga que a pátria pariu e ao – meu – centro -
Eu à beira da minha mármore a vida tenra daria aos falcões
E vivo neste avermelhado tormento
nas prateleiras com um filão de gaivotas.




sexta-feira, 21 de março de 2008

1ª “expoemização” (exposição de poemas) intitulada “aranhiças & elefantes”

O projecto poético “5 aranhiças” apresenta a partir de sexta-feira, dia 21 de Março, no Café com Arte e no Feito Conceito em Coimbra, a 1ª “expoemização” (exposição de poemas) intitulada “aranhiças & elefantes”, um evento que pretende celebrar o Dia Internacional da Poesia de uma forma diferente. Nesta exposição convidamos quem visita a ler poesia contemporânea escrita pelas poetas integrantes do projecto “aranhiças” e também pelos poetas da “Oficina de Poesia” de Coimbra. Esta exposição estará patente durante uma semana e é composta por duas vertentes: os “poemendurados”, que, como o nome indica, são literalmente poemas pendurados pelo espaço dos 2 bares, e os “poemas take-away”, poemas publicados na Revista “Oficina de Poesia”, em formato de postal, que convidamos as pessoas a lerem e a levarem consigo.

Convidamos também todos/as os/as interessados a participar no projecto “5aranhiças” através do blog!


segunda-feira, 10 de março de 2008

A partir de Virginia Woolf

A irmã de Shakespeare

Ju disse
se
a lua tem buracos vivos
e os buracos das meias longas são meias luas
há que cozer livros nas meias luas dos buracos das meias
ler nos centaurios buracos os nervos
e com olhos escorridos de cães de água dançar por de dentro da saia de interior
os bolsos da menina dos olhos
que contas tu?

Ju disse se
meia louca à porta do palco
prepara o ventre lua de meias aos buracos
quase se
e
(e)mudeceu
se
o corpo alinhar
nas zonas rubras onde se matam príncipes