domingo, 29 de novembro de 2009

Cantemos com alergia








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poerformance pelo colectivo aranhiças & elefantes//
Andanças// agosto de 2009//
S. Pedro do Sul, Viseu //

domingo, 22 de novembro de 2009

mais uma forma colaborativa?

overmundo

Overmundo tem a satisfação de ser anfitrião também do lançamento da série de livros "Conquiste a Rede", de autoria de Ana Carmen Foschini e Roberto Romano Taddei.

Os livros funcionam como verdadeiro mapa de navegação para a emergente mídia colaborativa (na qual o Overmundo se inclui). E o mais legal é que todos os livros estão disponíveis em Creative Commons, podendo ser livremente distribuídos de acordo com a mesma licença utilizada para os conteúdos do Overmundo.

A convite do Roberto Taddei, tive a oportunidade também de escrever o prefácio para os livros. Transcrevo abaixo o mesmo, que explica direitinho a importância desse lançamento para o estado atual da Internet colaborativa (apelidada de "web 2.0") no Brasil.

Os livros estão ainda na Fila de Edição do Banco de Cultura, mas quando entrarem para o Overmundo, podem ser localizados através da tag "conquiste-a-rede", bastando apenas clicar aqui para encontrá-los.

Parabéns ao Roberto Taddei e à Ana Carmen e que outras iniciativas semelhantes a essa possam continuar a acontecer aqui no Overmundo e em outros sites colaborativos!

Você é a mídia: saiba como!

Há uma novidade difícil de ser ignorada. Em todo o mundo, nos países pobres ou ricos, a mídia tradicional está sendo transformada por um competidor que não existia antes. Esse competidor é a própria sociedade. Tradicionais empresas de mídia, do New York Times à NewsCorp, passando pela ?velha senhora? BBC, todas estão tendo de repensar seus modelos de negócio e mesmo seu modelo de redação para competir nos novos tempos.

Mas como tudo isso foi possível? Como a sociedade, esse corpo desorganizado e fluido, conseguiu desenvolver ferramentas para mudar para sempre o modo como a informação é produzida e disseminada? A resposta a essa pergunta pode ser encontrada na coleção ?Conquiste a Rede?, organizada por Ana Carmen Foschini e Roberto Romano Taddei. Através dela, é possível compreender de forma articulada as ferramentas de transformação que estão por trás destas mudanças.

E não apenas compreender: a coleção ?Conquiste a Rede?, como denota o nome, possui uma dimensão prática que é fundamental. Ela explica em detalhes e traz dicas úteis para qualquer internauta interessado em fazer crescer sua presença digital na Internet. Vale notar que a coleção está em sintonia com o espírito de ?do it yourself? que está tomando conta das práticas tecnológicas desse começo de século. Nesse sentido, a coleção aborda, por exemplo, o fenômeno dos blogs e sua crescente importância. De ferramentas utilizada por adolescentes para relatar agruras pessoais, os blogs atualmente desempenham um papel cada vez mais importante, influenciando a política, a economia e a própria idéia de formação das notícias.

Lendo o livro sobre blogs é possível aprender as melhores práticas sobre como tornar um blog dinâmico e relevante. As dicas valem tanto para usuários iniciantes, quanto para blogueiros experientes. É bom lembrar que ambos autores são jornalistas de currículo não só invejável mas que compreendem profundamente a dinâmica da
comunicação na Internet. Em outras palavras, são autores cujo DNA jornalístico já nasceu digital.

Essa mesma estrutura se repete para os demais temas abordados na coleção: os videologs e fotologs (ferramentas de compartilhamento de vídeos e fotos pela rede), os podcasts (programas de rádio virtuais, feitos para serem ouvidos em qualquer lugar) e a emergência do chamado ?jornalismo cidadão?. Este último, um dos fenômenos mais interessantes e importantes da rede. Jornais inteiros, bem como outros tipos de informativos, são hoje produzidos sob o lema de que ?todo cidadão é um repórter?. As dicas constantes na coleção ajudam qualquer ?bom cidadão? a caminhar no sentido de se tornar também um ?bom jornalista?.

Por fim, cumpre chamar atenção para o fato de que os autores puseram em prática seu lema de ?faça você mesmo? também na modalidade inovadora de lançamento dos livros. Não só é possível obter a versão impressa dos exemplares de cada um deles como também é possível baixar todo o conteúdo pela rede. Os autores
utilizam uma licença do ?Creative Commons? para distribuir sua obra. Essa licença permite à sociedade como um todo, dentre outros direitos, distribuir os livros livremente, desde que seja para fins não comerciais. Tudo dentro do mesmo espírito colaborativo das transformações e ferramentas que são abordadas na obra. Depois de tudo isso, fica o convite ao leitor da coleção para começar a participar de tudo isso que está acontecendo. É assim que estamos todos tendo a oportunidade de construir a nova mídia do século XXI. Vamos nessa.

[também pode ser lida a entrevista ao criador do site Overmundo, Hermano Vianna, no Portal literal ]

décio para crianças


proesia do concretista, que tem como protagonista uma menina
Bili com Limão Verde na Mão

"O MUNDO NÃO TEM MAIS VERSOS"

domingo, 15 de novembro de 2009

O que é ....

"aranhicas e elefantes" é um blog colectivo que pretende desenhar um espaço de produção e de interrogação no âmbito da poesia experimental. O objectivo é a desapropriação da escrita e a diluição da autoria. A primeira concretiza-se através do conceito de “escangalhanço” que, na prática, permite a criação de um texto a partir de um esboço inicial que depois é sujeito à intervenção dos/as membros do blog que podem eliminar, acrescentar, recolocar, recombinar palavras, expressões, imagens e sons. Cada novo “post” fica aberto a estes processos que o levam a percorrer um caminho de criação colectiva. A diluição da autoria concretiza-se através da inexistência de nomes convencionais de autores havendo apenas uma identificação necessária à visualização do processo que cada “post” atravessou.

A cor é o único indício/vestígio de autoria -- surge apenas para que o processo criativo seja tornado visível. Fazer parte deste processo criou as condições para a nossa recolocação enquanto autores e perceber a dimensão da “presença” do autor, perceber a importância do anonimato e do espaço que ele cria. Michel Foucault produziu um conjunto de reflexões sobre estas questões. Em concreto, em “O que é um autor” reflecte sobre a contemporaneidade do acto da escrita pondo em questão a função do nome de autor na própria escrita e na recepção da mesma. Considerando a individualização do autor na cultura ocidental, Foucault refere o facto de ocorrer um cruzamento entre a vida e a obra passando o texto a apontar para essa figura que lhe é exterior e anterior de tal forma que a biografia de quem escreve pode ser a do autor, pode ser a da pessoa do autor. Urge aqui a possibilidade de questionar acerca da alteridade da escrita. Caberá nesta argumentação de Foucault o trânsito do escritor entre a sua entidade da simples existência e a entidade da sua produção criativa? Haverá sentido na própria distinção que assim se faz? O que é um autor?

No entender de Foucault a escrita abre um espaço de permanente desaparecimento do sujeito e é nessa ausência que ele exerce a sua singularidade. Esta não deve ser anterior nem exterior ao acto de escrita. Estando o nome de autor fora desse processo, o momento de forte individualidade que ele proporciona na nossa contemporaneidade não tem sentido. O espaço do anonimato será, exactamente, o espaço de exercício de uma individualidade que decorre directamente da escrita produzida em vez de decorrer de uma função classificativa e de autenticação do lugar exterior do nome de autor. A marca do escritor não é mais do que a singularidade da sua ausência. É-lhe necessário representar o papel do morto no jogo da escrita (Foucault, 1992). Será neste sentido que os membros do blog experimentam o acto de escrita e a relação com a comunidade. Observar o efeito naqueles que nos ‘lêem’ era algo importante para chegar a algum tipo de conclusão sobre este exercício. Obliterar os sinais de individualidade de cada um de nós e reclamar um espaço na escrita de cada um dos outros – que tipo de reacção provocaria? Que questões levantaria? Confrontando com a análise feita por Foucault, o desaparecimento de cada um de nós no âmbito da autoria e a expressão da individualidade apenas no interior da escrita, das palavras será possível na tensão com a função de autor. Concretamente, a partir de determinado momento, um/a ‘visitante’ regular do blog contactará com a produção do mesmo através dos nomes “aranhiça X” ou “elefante X” aos quais já reconhece um papel e uma função classificativa. A identificação por si só, na medida em que pode atribuir a cada aranhiça ou elefante uma palavra ou expressão, etc., é algo que se tornou indispensável para o acompanhamento do “escangalhanço” e, neste sentido, era desejável essa identificação. Porém, o reconhecimento de determinada aranhiça ou elefante como criador com uma tendência, postura, escrita específica representa um limite à interrogação da noção de autoria. Foucault aborda esta questão na distinção entre nome próprio e nome de autor. Em certa medida o nome de autor é um nome próprio pois exerce uma função de designação mas, também, uma função de descrição. Na medida em que o visitante regular tem a possibilidade de reconhecer a uma “aranhiça” ou “elefante” determinadas tendências e uma homogeneidade das suas participações no blog, essa designação passa a ser um nome de autor. Na medida em que este serve para caracterizar um certo modo de ser do discurso, o objectivo de diluição da autoria é atingido apenas na medida em que o /a “visitante” não medeie o seu contacto com os textos através das entidades “aranhiça X” ou “elefante X” às quais atribui um conjunto de características no que toca à escrita de cada um.

Admitindo esta limitação, a questão que se coloca e que colocamos a quem nos lê é: interessa-vos quem fala?

Lançamos um desafio à parva de bola

Publicamos um texto teórico, onde uma aranhiça reflecte sobre o blog "aranhiças e elefantes" à luz da proposta teórica de Foucault:"O que é um autor?".
o desafio, para leitores/as e elefantes e aranhiças, é alargar este texto e levá-lo para outros caminhos, colocar outras questões, ou fazer comentários, dar sugestões, aparvalhar, enfim, o que quiserem.
por favor, participem, ie, ESCANGALHEM :)