domingo, 27 de janeiro de 2008

Instituto Nacional de Salvação do Poema em Crise: Tou Fabaios? Uma saídinha para Covão do Coelho Branco de Baixo, pode ser?

Organismo Voluntário de Salvação do Poema Quando Lhe Apetece de Fabaios: O quê? Para onde? (Não tá a ouvir a minha voz de pânico que eu estava a dormir e só atendi esta merda porque tinha de ser e ninguém me paga nada por isso? Mas o que foi? Eu sei lá alguma coisa dessas merdas e já me arrependi de te me ter metido nisto para conhecer miúdas no bar da associação.


Instituto Nacional de Salvação do Poema em Crise: Oh Fabaios é que temos aqui um masculino delgado com 43 segundos de duração e diz que caiu do cânone abaixo e parece que está morto.
O soneto que nos contactou disse que ele estava a perder coerências semânticas e a ficar sem rimas. Precisa urgentemente de manobras linguísticas avançadas de salvação. Se não aquilo depois fica de tal maneira experimental que não há quem aguente. O cânone já disse “Estamos a deixar isto chegar à epidemia”.

Organismo Voluntário de Salvação do Poema Quando Lhe Apetece de Fabaios: Mas o que é que eu faço? Mas eu agora, oh valha-me nosso zenhor, não pode ser, que eu agora, portantos, tou sozinho.

Instituto Nacional de Salvação do Poema em Crise: Vamos mandar uma Unidade Avançada de Suporte Linguístico do Poema que está estacionada em Vila
e Tal para ver se ainda há volta linguística a dar-lhe. Fale ali com a Sôtora Crítica de Letras e dê-lhe umas indicações.

Organismo Voluntário de Salvação do Poema Quando Lhe Apetece de Fabaios: Tou? Tou? (Eu posso fazer de contas que não ouvi nada desta merda?) Tou? Tou?

Instituto Nacional de Salvação do Poema em Crise: Valha-me deus, tou lixada.


Unidade Avançada de Suporte Linguístico do Poema de Vila
e Tal: Tou? Então diga-me lá como é que lá chego.


Organismo Voluntário de Salvação do Poema Quando Lhe Apetece de Fabaios: Atão, agora como é que lhe vou dizer, oh valha-me deuze. Atão aquilo chega-se ali a Alguidares de Cima e vai sempre em frente, sempre em frente, nas bombas de gasolina em cima, tem uma rotunda à esquerda, depois chega à rotunda do poço e vira à esquerda, depois segue em frente em frente e chega ali ao SuperMarché e vira à direita para Covão do Coelho Branco de Baixa Auto-Estima, depois vira ao pé da árvore grande e segue em frente em frente em frente em frente e há-de chegar ali à oficina do Manel das Couves e segue sempre em frente em frente sempre em frente sempre em frente e depois há-de ver uma rotunda com duas partes porque não é bem uma rotunda mas a câmara esqueceu-se de a acabar o passeio muda de cor junto aos candeeiros e, portanto não há necessidade d'a controlar e segue sempre em frente sempre em frente sempre em frente de depois chega à placa de Covão do Coelho Branco de Baixo mas atenção, aí vire à esquerda porque se entra na povoação nunca mais de lá consegue sair por causa dos ovos gigantes, depois segue sempre em frente, sempre em frente sempre em frente é o covão. É aí. Isto a bem dizer é sempre em frente e não tem nada que enganar, sempre pela estrada afora. Desemtxaibido.

Unidade Avançada de Suporte Linguístico do Poema de Vila
e Tal: É?

Organismo Voluntário de Salvação do Poema Quando Lhe Apetece de Fabaios: É.

Unidade Avançada de Suporte Linguístico do Poema de Vila
e Tal: Para onde, desculpe?

Organismo Voluntário de Salvação do Poema Quando Lhe Apetece de Fabaios: Pró Covão do Coelho Branco de Baixo. Então mas agora o que é que eu faço?

Instituto Nacional de Salvação do Poema em Crise: Mas oh Fabaios, então pergunta-me o que tem de fazer? Nunca tal coisa me aconteceu, desculpe lá. Ai! É óbvio que tem de enviar já para lá uma viatura de Apoio ao Poema em Crise, não podemos permitir mais poemas a armar ao engraçado que pensam que são poemas e quê. Já para não falar desse pessoal que anda para aí a matar a literatura com as pupilas de fora ao escrever em computadores e tal e quê.
Eu não quero ter o cânone à perna porque ele tem too much tomates. Não pode ser, temos de colocar já isso na linha. É seguir o protocolo, é contar-lhe os versos, é fazer riminhas giras, é alinhar tudo à esquerda, é colocar um título decente, é especialmente ver se o sujeito poético é sério, se é muito sério e qual o nível de sentimento e banalidades confessionais presentes, é ver o assunto que é fundamental e ver se há unidade temática e muitas comparações em vez de metáforas, não podemos tolerar coisas que não sejam profundamente imitações dos clássicos. Fui clara?

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